Três xiitas condenados à morte por um ataque que matou policiais em 2014 foram executados neste domingo (15) no reino do Bahrein, reavivando assim as tensões entre a maioria xiita e a dinastia sunita no poder.
Manifestantes durante confronto com a polícia em 2014 após o funeral de um jovem, na vila de Daih, a oeste de Manama, Bahrein (Hamad I Mohammed/Reuters) |
A sentença foi aplicada por um pelotão de fuzilamento nas primeiras horas do dia, na presença do diretor da prisão, de um juiz, um médico e um imã, segundo a procuradoria.
Os três homens foram condenados à morte por um ataque a bomba em 3 de março de 2014, durante o qual "atraíram policiais para uma armadilha", matando três deles, incluindo um oficial dos Emirados Árabes Unidos, e ferindo outros 13, recordou a acusação.
Em uma declaração conjunta, quatro organizações de defesa dos direitos Humanos condenaram as execuções "autorizadas pelo rei Hamad" e identificaram os executados como Ali al-Singace (21 anos), Abbas al-Samea (27 anos) e Sami Mushaima (42 anos). Trata-se das primeiras execuções no Bahrein desde julho de 2010.
"É um escândalo e uma violação vergonhosa do direito internacional", considerou Maya Foa, diretora da Reprieve, uma outra ONG que denunciou a execução após veredictos com base em confissões obtidas "sob tortura".
O anúncio das execuções provocou protestos em aldeias xiitas, onde os moradores bloquearam ruas com pneus em chamas, enquanto a polícia respondeu disparando gás lacrimogêneo, de acordo com imagens que circulam nas redes sociais.
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Desde sábado, informações têm circulado sobre as iminentes execuções e já haviam provocado manifestações.
Neste pequeno reino do Golfo apoiado pela Arábia Saudita, os xiitas não hesitam em desafiar as autoridades que conduzem uma política de mão de ferro contra seus adversários, regularmente acusados de "cumplicidade com o Irã".
Neste contexto, um policial foi ferido na tarde de sábado, quando uma patrulha foi recebida a tiros em Bani Jamra, a oeste da capital Manama, informou o ministério do Interior, denunciando um "ato terrorista".
Dezenas de homens e mulheres saíram às ruas depois de saberem que as famílias dos três xiitas condenados à morte foram convocadas antes execução, segundo testemunhas. "Não, não à execução", gritavam os manifestantes.
Segunda-feira passada, o Tribunal de Cassação do Bahrein manteve as três sentenças de morte e sete penas de prisão perpétua para membros de um grupo "terrorista", condenados pela morte dos três policiais.
"É um dia negro na história do Bahrein", comentou Sayed Ahmed Alwadaei, da organização Bahrain Institute for Rights and Democracy.
Brian Dooley, chefe da ONGs Humamn Rights Defenders, havia pedido no sábado ao governo americano para "advertir seu aliado do Golfo contra um nível de repressão assustador e irresponsável que pode causar raiva e mais violência em uma região já volátil".
O Bahrein é a sede da Quinta Frota dos Estados Unidos. O principal movimento de oposição, Al-Wefaq, foi banido e seu líder, o xeque Ali Salman, cumpre uma pena de nove anos de prisão.
Fonte: G1
Fonte: G1
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