Thomas Jefferson, um dos motivadores da economia de Livre Mercado |
Por exemplo: o AirBnb e outras empresas da “economia compartilhada” acreditam na ideia de que a comunidade deve regular suas atividades comerciais. O crescimento da Internet e onipresença dos smartphones permitiu que as pessoas compartilhem informações rapidamente de tal maneira que métodos tradicionais para chamar um táxi ou reservar hotéis estão cada vez mais obsoletos.
Negócios como AirBnb e Uber são os melhores exemplos de como somente as trocas em mercados voluntários geram liberdade social. Empoderar pessoas depende do respeito máximo aos seus direitos de propriedade, impedindo que grupos poderosos apelem às autoridades políticas para desrespeitá-los.
Contudo, o crescimento dessas empresas não se deve exclusivamente às inovações tecnológicas. Os economistas liberais sempre souberam que a economia de mercado descentraliza poder e empodera o povo. Por exemplo, Ludwig von Mises escreveu longos textos sobre a soberania do consumidor:
“Os capitalistas, os empresários e os agricultores são instrumentos na condução da economia. Eles estão no comando, eles dirigem o navio. Mas não são livres para definir seu curso. Eles não são supremos, mas somente timoneiros obrigados a obedecer incondicionalmente as ordens do capitão. E o capitão é o consumidor.
São os consumidores, por sua compra ou abstenção de compra, que decidem quem deve possuir capital. Eles determinam o que deve ser produzido, em que quantidade e qualidade. Suas atitudes resultam tanto em lucros quanto em prejuízos para os empreendedores. São os consumidores que transformam pobres em ricos e ricos em pobres.”
Duas das principais razões alegadas para defender a existência de um estado coercitivo para orientar a sociedade são a escassez de recursos e a imperfeição humana. A natureza por si só não fornece comida, vestuário, abrigo, remédios e similares suficientes para satisfazer os desejos humanos. E nem todos são igualmente qualificados para diagnosticar e solucionar todos os problemas. Neste contexto, parece natural defender que uma elite (ocupando o estado) assuma o poder de redirecionar a atividade humana espontânea.
No entanto, a economia de livre mercado mostra que tal intervenção é desnecessária. Considere algo simples mas fundamental como a escolha de uma profissão. Nas guildas medievais, a entrada em diversas profissões era altamente regulamentada. Sem dúvida, os intelectuais da época defendiam tal paternalismo como necessário. Afinal, se todos quisessem ser ferreiros mas ninguém quisesse ser agricultor, haveria um mundo cheio de belas espadas, mas ninguém poderia apreciá-las porque todos morreram de fome.
Do ponto de vista moderno, podemos ver quão tolas eram tais preocupações. Desde que haja um sistema de preços livres, indivíduos livres podem entrar em qualquer profissão que desejarem. Com suas decisões de gastos, os consumidores enviam implicitamente sinais que indicam o quanto valorizam as diversas ocupações. Se menos pessoas se tornam ortodontistas, por exemplo, os salários médios da profissão sobem e esta torna-se mais atraente para jovens que possam se interessar pela área.
No mais, é verdade que algumas pessoas são mais inteligentes e bem informadas sobre um determinado assunto do que outras. Mas isso não significa que uma elite deve possui poder coercitivo sobre os demais. Verdadeiros líderes ganham seguidores de forma voluntária. O pensador do século 19, Mikhail Bakunin, ainda que anarco-comunista, definiu bem:
“Dizem que rejeito toda autoridade? Longe de mim tal pensamento. Em matéria de botas, refiro-me à autoridade do sapateiro; relativa às casas, canais, ou ferrovias, consulto um arquiteto ou engenheiro. Mas não devo permitir que o sapateiro, o arquiteto ou o engenheiro imponham sua autoridade sobre mim. Eu os ouvirei livremente e com todo o respeito merecido por sua inteligência, seu caráter e seu conhecimento, reservando sempre meu direito incontestável de crítica e censura. Não me contento em consultar uma única autoridade em qualquer ramo especial: consulto várias, comparo suas opiniões e escolho aquilo que me parece ser mais sólido”.
No mais, os defensores das intervenções feitas pela elite estatal pensam que os governados dão seu consentimento por meio da democracia. Mas tanto a história quanto a teoria mostram a ingenuidade dessa crença. Imagine que tivéssemos mantido o sistema de guildas medievais, mas que o número de novos trabalhadores em cada área fosse controlado por políticos eleitos a cada quatro anos. Será que eles optariam por um mercado de trabalho livre, onde as pessoas poderiam escolher suas carreiras?
É impossível ter total liberdade, no sentido de ser sujeito à vontade de ninguém mais, dado que o seu comportamento necessariamente afeta outras pessoas e vice-versa. Mas somente o livre mercado permite trocas voluntárias com preços comunicando as informações necessárias para que todos ajustem suas necessidades. E está é a única maneira coerente de haver autonomia e empoderamento das pessoas.
Traduçao: Rafael Cury Revisão: Marcelo Faria
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