Reprodução: Facebook
Estudantes do quarto semestre de cursos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) fizeram a última prova de 2016 no salão de festas do prédio onde mora um professor, após o anúncio da greve dos servidores técnicos administrativos, iniciada na segunda-feira (24) em protesto contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece um teto para os gastos públicos nas próximas duas décadas.
A ideia de levar os alunos para o próprio prédio onde reside, no bairro Jardim Apipema, foi do professor do Instituto de Física da UFBA Gildemar Carneiro, que disse ter imaginado que a paralisação fecharia as salas de aula -- o que não ocorreu.

Prova foi aplicada segunda (24), no prédio onde professor mora, em Salvador.
Docente diz ser a favor de greve, mas não queria prejudicar alunos.

Segundo ele, a prova foi aplicada no salão de festas, na segunda (24), para 60 alunos - 28 no período da manhã e 32 no período da tarde. Os estudantes são de cursos como Engenharia, Física, Química e Geologia. O professor fez um post em seu perfil no Facebook para falar sobre a aplicação da prova.
O docente, que leciona na instituição de ensino desde 1994, afirma que é a favor da greve dos servidores, por também ser contra a PEC, mas diz que procurou evitar que os estudantes fossem prejudicados com a paralisação que, conforme os servidores, é por tempo indeterminado, enquanto ocorrer a tramitação da PEC 241 na Câmara dos Deputados e no Senado.

"As últimas provas do semestre estavam marcadas para 7h da manhã para uma turma, e 13h para a outra turma, na segunda, dia 24. Na sexta, de tardezinha, soube que os sindicato dos funcionários da UFBA tinham decidido entrar em greve e fechar todos os portões a partir justamente das 7h da segunda feira. Se eu não pudesse aplicar a prova na segunda, teríamos que aguardar até dezembro apenas para aplicar o último teste de avaliação. Não havia como confirmar com a UFBA se as salas de aulas estariam mesmo indisponíveis. Se aguardasse o final da greve, os alunos já teriam esquecido toda a matéria ensinada, e teríamos que ter aulas de revisão.", disse o professor, em contato com o G1.

O docente afirmou que, após o anúncio da paralisação, comunicou aos estudantes que a prova seria realizada no prédio onde mora através de e-mail. A greve dos servidores, no entanto, ao contrário do que pensava o professor, não paralisa as atividades na UFBA e as salas de aula abrem normalmente.
"Os alunos colaboraram muito. O número de ausência foi bem menor do que o usual, foram muito educados, e só lamento não ter água disponível para eles, pois a maioria veio de ônibus e andou bastante para chegar a tempo", disse o professor.
"Alguns alunos estavam com o voo marcado para 10:30 da segunda, para Brasília, para participar de um Congresso da área deles. Eles compraram a passagem justamente por terem a garantia de saber que eu não mudo data de prova", completou o docente.
Sobre a paralisação dos servidores, o professor afirmou ser relevante. "Acho que a greve dos funcionários é muito relevante, visto que a PEC 241 é um golpe na educação e na saúde do sofrido povo brasileiro. O problema é começar a greve justamente no último dia do semestre. As greves sempre prejudicam os alunos, pois o objetivo da greve é pressionar por meio de prejuízos na produção. Nossa produção é o conhecimento dos alunos. Só driblei a greve porque o prejuízo seria desproporcional", destacou.
O professor afirmou que o Regulamento da Graduação não especifica que as provas devam ser aplicadas no campus. O G1 tentou contato com a assessoria de comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) nesta terça-feira, para falar sobre o assunto, mas não obteve êxito.

Matéria reproduzida do G1 Bahia

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